O que é SAE ? Qual a importância???

       Enfermagem é a ciência e a arte de assistir o ser humano no atendimento de suas necessidades básicas, de torná-lo independente desta assistência, quando possível, pelo ensino do autocuidado; de recuperar, manter e promover a saúde em colaboração com outros profissionais ( Horta, 1979).
Florence Nightingale iniciou sua caminhada na enfermagem para a adoção de uma prática de cuidados baseada em conhecimentos científicos, abandonando gradativamente a postura de atividade caritativa, intuitiva e empírica. Com esse intuito, diversos conceitos, teorias e modelos específicos à enfermagem foram e estão sendo desenvolvidos, com a finalidade de prestar uma assistência, ou seja, planejar as ações, determinar e gerenciar o cuidado, registrar tudo o que foi planejado e executado e, finalmente, avaliar estas condições, permitindo gerar conhecimentos a partir da prática, realizando assim o processo de enfermagem.
Na década de 70, Wanda de Aguiar Horta, desenvolveu um modelo conceitual, no qual a própria vivência na enfermagem levou-a procurar desenvolver um modelo que pudesse explicar a natureza da enfermagem, definir seu campo de ação específico e sua metodologia. Deu origem ao processo de enfermagem que visa á assistência integral ao ser humano ( necessidades Básicas Humana), por meio de uma assistência planejada.
O processo de enfermagem ou sistematização da assistência de enfermagem
( SAE) é o instrumento profissional do enfermeiro, que guia sua prática e pode fornecer autonomia profissional e concretizar a proposta de promover, manter ou restaurar o nível de saúde do paciente, como também documentar sua prática profissional, visando a avaliação da qualidade da assistência prestada, possuindo um enfoque holístico, ajudando a assegurar que as intervenções sejam elaboradas para o indivíduo e não apenas para a doença, agilizando diagnósticos e tratamentos, promovendo melhora de comunicação e prevenindo erros e omissões.
O processo de enfermagem segundo wanda Horta consiste em fases:
*Histórico de enfermagem, ( trata-se de uma anamnese);
*Diagnóstico de enfermagem ( determina o grau de dependência do paciente e identificação de sua necessidade);
*Plano assistencial (formulação da assistência, baseada no diagnostico de enfermagem feito);
*Prescrição de enfermagem( roteiro diário que coordena a ação da equipe de enfermagem na execução dos cuidados adequados ao atendimento);
*Evolução de enfermagem,( relatório diário das mudanças que podem vir a ocorrer no ser humano, enquanto estiver sob assistência profissional);
O processo de enfermagem proporciona ordenamento e direcionamento ao trabalho do enfermeiro, sendo a essência da prática profissional de enfermagem. É ainda o “instrumento” e a metodologia da profissão de enfermeiro e, como tal, auxilia os profissionais a tomarem decisões, e a preverem e avaliarem conseqüências.
Observa-se na prática que o enfermeiro, em sua rotina diária, sobrecarregado de atividades, parece não priorizar o que é preconizado pela escola, ainda que estabelecido e apoiado legalmente. Assim, a Equipe de Enfermagem, ao invés de prestar atendimento ao paciente, baseada na assistência planejada pelo enfermeiro, ou seja, na prescrição de cuidados de enfermagem, parece fundamentar a realização deste trabalho com base e na dependência da prescrição médica, mas com relativo grau de independência em relação à coordenação e supervisão do próprio enfermeiro. Observou-se, ainda, que o enfermeiro geralmente é solicitado pelos componentes da equipe de enfermagem, apenas quando estes não conseguem implementar a prescrição médica ou realizar algum procedimento técnico. Freqüentemente, quando solicitado por outros profissionais da equipe de saúde, quase sempre é para auxiliar na resolução de problemas dos mais variados, que competem ou não à enfermagem. Desse modo, mostrando-se muito mais como um facilitador do trabalho dos demais profissionais, muitas vezes, deixa de desempenhar atividades de sua real competência e para as quais geralmente apresenta o suficiente e necessário preparo,
Lamentavelmente, a maior parte das atividades desenvolvidas pela enfermagem não é documentada de maneira escrita, não podendo ser contabilizada, comprometendo o reconhecimento e a valorização tanto da profissão como de seus profissionais. Logo, ao agir dessa forma, o enfermeiro está sendo negligente com sua própria prática, o que pode ser constatado pela insuficiência de registros das experiências ocorridas durante sua jornada de trabalho. Portanto, faz-se necessária uma maior conscientização da importância dos registros escritos para que nossas ações como enfermeiros possam ser não apenas documentadas e comprovadas, mas, principalmente, valorizadas.
O planejamento da assistência de enfermagem é um dos meios que o enfermeiro dispõe para aplicar seus conhecimentos técnico-científicos e humanos na assistência ao paciente e caracterizar sua prática profissional, colaborando na definição de seu papel. Tal planejamento deve levar à realização de planos, como formas organizadas de expressar os cuidados de enfermagem, que orientem a atenção que deve ser dada aos aspectos relativos à atividade física, à terapêutica medicamentosa, aos cuidados especiais determinados pela patologia e às condições específicas de cada paciente, dentre outros, caracterizando, assim, uma atenção individualizada.
O grande problema que a profissão enfrenta é o fato de que a maior parte do que é dito e feito pela enfermagem fica fora de qualquer documentação escrita e, dessa forma, no esquecimento, pois a informação que não for registrada, é informação que, seguramente, será perdida, portanto, não será contabilizada e mais dificilmente ainda será reconhecida. Este aspecto demonstra a negligência dos profissionais da enfermagem para com a sua própria prática e pode ser constatado pela insuficiente documentação das experiências ocorridas, no decorrer de sua jornada de trabalho.
Um outro aspecto relacionado a este é a falta de planejamento escrito da assistência prestada. Uma maior valorização, por parte dos profissionais de enfermagem, deve ser dada à comunicação escrita do que atualmente é dada. O registro das ocorrências com o paciente, bem como o planejamento, ordens e resultados precisam ser documentados. Ao proceder dessa forma, habituando-se a escrever as ordens e recomendações e fazendo o acompanhamento de sua equipe, o enfermeiro atua, também, como um educador, ao socializar as informações e conhecimentos presentes na prescrição de enfermagem.
Quando se reflete sobre as desvantagens advindas da prática de enfermagem não sistematizada, fica claro o quanto alguns profissionais podem estar deixando de valorizar sua própria profissão para desempenhar atividades que não seriam de sua incumbência, colaborando para a estagnação da enfermagem. Esta situação pode ser visualizada, quando da não realização de prescrição de enfermagem, passando a equipe a guiar suas ações pela prescrição médica e executar somente aquelas que julga necessário, tornando desnecessária a participação do enfermeiro nas tomadas de decisão.
É necessário que o enfermeiro repense sua conduta profissional e passe a assumir sua posição de coordenador da assistência prestada ao paciente, colocando em prática o conhecimento adquirido. Implementando a SAE, mostraremos a diferença que nossa estruturação, determinação, supervisão e atuação nos cuidados ao paciente representam na assistência prestada por toda a equipe de saúde. Quando isso for possível, o enfermeiro não será apenas o facilitador da ação de outros profissionais, mas um dos norteadores das condutas a serem tomadas em prol dos pacientes.
                                       

Comentários

Anônimo disse…
Muito Bom..Parabens!!

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